"Alguém"

           Zé, tenho tanta coisa para te contar, principalmente dos erros, porque ninguém dá valor aos acertos. Ando me sentindo tão sozinha, faltando alguma coisa para (pre)encher sabe? Cansada de ficar, ficar sem apego, sem colo, sem carinho. Eu queria mesmo, Zé, era sabe o quê? Alguém para contar meu dia, dividir minhas alegrias, poder falar das minhas angústas, e tudo isso sem passar por julgamento. Alguém, Zé, para cuidar de mim, porque embora eu pareça forte e cética, quase ninguém sabe o tanto de fragilidade que eu trago aqui dentro. Mas tá tão difícil, Zé. A maior parte das pessoas só te enxerga como objeto, só querem te usar, manipular, e depois descartar, como se você fosse lixo. Elas esquecem de usar honestidade, respeito, não se lembram que você, apesar de tudo, tem sentimento, e que por menor que fosse o contato, se ela entrou na sua vida, ela te tirou alguma coisa, no mínimo: tempo. Eu quero tanto, mas tanto, Zé, só isso, alguém...alguém para gostar de mim, e eu gostar dele, sabe? Pra gente cambiar, fazer uma troca mútua de conversas, toques, sentimentos, afagos, enfim, de corpos.
Será que ainda existe nesse mundo "alguém" querendo a mesma coisa que eu, Zé?
Se tiver, reza por mim, e pede. Porque eu já estou aqui de dedos, mãos, pés, e pernas cruzadas, com um trevo de 4 folhas do lado, esperando minha sorte chegar.

Bianca Nunes

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