Zoologicamente falando...

Não sou fácil, sou bicho criado preso, mas com ar de cria do mato. Arisca, arranho, se bobear deixo marcas que sangram e não cicatrizam nos outros, escorrem fazendo-os lembrar todo o dia. Aliso, me enrosco, típico quando me interesso, dou afeto, carinho, aos poucos, sem permanência, me afasto, volto para aqueles que me importo, do contrário, sumo. Sou animal, tenho cismas, birras, faço bico, possuo garras e veneno que sobra, prefiro não dormir com palavras entaladas na garganta, solto todas, por impulso ou não, as despacho feito brisa, outras feito fogo que queima, arde, chegando a doer. Mas não deixo de dizer o que penso, o que sinto, o que sou, minha sinceridade, de certa forma, pesa, magoa. Levo algumas dores comigo, toda história deixa sinais, feridas sanadas e outras abertas, passadas sal, pra doer e lembrar. Perdoo, mas lembro, recordo detalhes. Deixo-os no fundo do fundo do baú da memória, não gosto de sofrer, remoer(só quando mexem). De resto sou mansa, calma, serena. Possuo meu mundo, meu espaço, meu tempo, meu dia, minha hora, não suporto interrupções, quem tenta me invadir encontra sim, um bicho, todos os bichos.

(Bianca Nunes)

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